domingo, 15 de abril de 2012
A NOITE É NOSSA
Por onde andas meu amor
Que tanta dor me deixas
Neste corpo já cansado?
O que me dói não é a dor
É o vazio de amor
Que a tua falta me deixa
E tu o que fazes por mim?
Como será que sofres uma ausência
E o que esta ausência gera em ti?
Saudades?
Bem sei que és presente
Mas um presente ausente
És a dor da dormência
Então venha e me beija
Só assim eu saberei
Que a noite é inteira nossa...
Mário Feijó
15.04.12
NA ERA DA INTERNET A GENTE NÃO SE COMUNICA
Ontem você me disse que telefonaria
Mas onde será que está
Porque não me telefonou?
É caro? É distante?
Não dá pra telefonar?
Pelo menos podia ter mandado
Uma mensagem pela internet
Ou quiçá mandar sinais de fumaça
Mas agora os tempos são outros
Tudo é muito rápido
E a comunicação por satélite...
Mas nós estamos ainda
Na era dos tambores e atabaques
Dependentes de benesses alheias
Tuas cartas ainda não chegaram
Os telefones não trazem mensagens
Em que parte deste universo você se esconde?...
Mário Feijó
15.04.12
PONTO FINAL
Pronto! Estou colocando pontos finais
Em algumas histórias vividas
Nada de ponto e vírgula e olha que
Eu já vivi muitas exclamações, mas agora
Vivo um tempo de muita interrogações...
Bastar-me-ia dizer-te: acabou!
Dando ênfase aos dois pontos
E também à exclamação
Porém você parece não entender
É que já ouve muitas reticências entre nós
Agora não é mais possível
Só um ponto final resolverá nossos destinos
Dará um caminho às nossas vidas...
Chega de gritos, de travessões que machucam
O coração como se fossem espinhos
Nada de pausas, paradas, capítulos
Entre nós agora só cabe um ponto final...
Mário Feijó
14.04.12
AMIGO CAIDO DA CARROÇA
Caiu o cachorro da carroça de mudança.
A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo abrigo, chapéu na mão...
- Não me apontem o dedo! Não era eu o cachorro, tampouco era eu a dona dele. Sua dona é a vida, mas ela com ele não se comprometeu...
O cachorro virou cão de rua. Tinha até certo estofo, um “pedigree”, mas de adianta um passaporte ou ter árvore genealógica na hora da mudança? Todos se perdem. Todos se assustam e com o cachorro não foi diferente.
Este cachorro tem medo do frio. Este cachorro tem medo da velhice. Ele sofre de abandono. Mas eu pergunto quem não tem?!!
Talvez não tenham medo as aves que voam rapineiras, à espreita, à caça porque elas pensam que não têm predadores...
Todos somos caça muito poucos são caçadores.
E o cachorro pensa: nada como uma cama quente, uma cachorra ardente e braços ao redor do corpo.
Com estes pensamentos o cachorro se aquieta e dorme...
Mário Feijó
14.04.12
Caiu o cachorro da carroça de mudança.
A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo abrigo, chapéu na mão...
- Não me apontem o dedo! Não era eu o cachorro, tampouco era eu a dona dele. Sua dona é a vida, mas ela com ele não se comprometeu...
O cachorro virou cão de rua. Tinha até certo estofo, um “pedigree”, mas de adianta um passaporte ou ter árvore genealógica na hora da mudança? Todos se perdem. Todos se assustam e com o cachorro não foi diferente.
Este cachorro tem medo do frio. Este cachorro tem medo da velhice. Ele sofre de abandono. Mas eu pergunto quem não tem?!!
Talvez não tenham medo as aves que voam rapineiras, à espreita, à caça porque elas pensam que não têm predadores...
Todos somos caça muito poucos são caçadores.
E o cachorro pensa: nada como uma cama quente, uma cachorra ardente e braços ao redor do corpo.
Com estes pensamentos o cachorro se aquieta e dorme...
Mário Feijó
14.04.12
quinta-feira, 12 de abril de 2012
FLORES DE MARACUJÁ
Não é só você quem quer
Algo de muito bom em sua vida
Como eu gostaria na minha
Um banho de gato não te bastaria
Deixaríamos que a chuva banhasse
Teu corpo selvagem nascido
Numa tribo asteca do deserto mexicano
Então se banhe no rio, eu te ensaboo
Apanharei flores de maracujá
E ensaboarei todo o teu corpo
No meio do deserto há oásis
E para nós também é um refúgio
Bem que eu gostaria de estar ao teu lado
Mas tudo nos distancia – o tempo, o vento e a hora –
Agora eu só espero tuas carícias
Quando nas quartas houver cinzas, as minhas e as tuas...
Mário Feijó
12.04.12
CACARECOS
Depois de alguns descasamentos
De alguns desencontros e de
Uns tantos desamores cheguei à conclusão
De que eu e minha vida não passamos de cacarecos
São cacarecos de sentimentos
Cacarecos de coisinhas pequenas:
Livros, discos, colheres, abridores
Mas o que eu queria mesmo eram fechadores
Fechadores de portas, de coração
Lacradores de dores e prensadores de amores
Plissadores de carinho para que não fossem escorregadios
Porque carinho bom é aquele que fica na pele
Eu estou cada vez mais certo
De que meus cacarecos um dia
Formarão uma montanha e subindo por ela
No céu eu poderei tocar... para isto eles servem...
Mário Feijó
12.04.12
AMOR DÓI
Poderia ser diferente
Mas por que só a dor
Tem que prevalecer?
Eu não entendo o amor
Ele sempre se faz acompanhar
Por momentos de dor
Para só depois se explicar
Enquanto isto chove
Dentro da minha cabeça
As lágrimas deste amor sentido
Sem sentido, desmesurado, desmentido...
O que eu faço sem teus toques
Enquanto tu cavalgas por estrelas
Muito além de mim, muito aquém do meu corpo
Que não se contenta só com o ontem
Porque eu te quero presente...
Mário Feijó
12.04.12
EMUDECE O AMOR
Emudece o amor
Cada vez que vê
Uma criança abandonada
Um velho passando fome
Emudece o amor
Toda vez que um rio seca
Toda vez que uma torrente
Destrói barrancas e rios se poluem
Emudece o amor
Que cala diante das injustiças
Diante do desamor, da falta de fé,
Da desunião da família, da agressão física
Seja de um homem, uma criança, um gay, uma mulher
Emudece o amor
Quando um político se vende
Empobrecendo sua alma
Matando aos poucos os que dele precisavam
Emudece o amor
Empalidece uma alma
Que diante da vilania
Faz o corpo morrer aos poucos...
Mário Feijó
11.04.12
segunda-feira, 9 de abril de 2012
No espelho da sala eu descubro a minha viuvez. Sim ela estava patente na pele alva que o sol daquele ano, ainda não havia tocado. Todo o meu corpo escondia-se nos prantos que eu derramava por ti e eu definhava na dor da tua não presença.
Mas o espelho era cruel e parecia me chamar para dentro dele ao teu encontro, como se me oferecesse os abraços que eu precisava. No entanto havia em mim um resto de anos que teimava por existir. Eu nem sabia se por carma ou por teimosia mesmo.
E foi então que eu comecei a ficar indignado. É verdade, indignado mesmo. Algumas vezes reagimos e vivemos por indignação. Visto que viver por viver é simplesmente morrer aos poucos.
Eu bem que podia ter morrido. Pensava que já tinha cumprido tudo na vida, mas eu não tinha experimentado viver por indignação.
Há pessoas que tecem a morte e para desgosto destas eu sobrevivo.
Agora vivo para agradar aos peixes e às plantas. Eu sobrevivo para agradar as rosas que morriam sem mim e até as sempre-vivas que pareciam desesperadas. Mas eu também sobrevivo para arrancar ervas daninhas, para ver as joaninhas passeando por meu jardim que não tem sapos, como no jardim de Yara que mora do outro lado do mapa.
Eu sei que cada canto do mundo tem a sua diversidade e no meu jardim há um universo encantado. Há nele duendes e um pote de ouro que o arco-íris esconde na poupança. Pobre coitado, tão avarento, jamais desconfiou que eu quero sentimentos, como amor, solidariedade, paixão, não miseráveis moedas empilhadas, umas em cima das outras. Isto é com Judas que vendeu seu amigo por um punhado delas. Eu quero apenas vida, no sentido mais visceral da palavra.
Por isto o espelho não me chama mais...
Mário Feijó
09.04.12
Mas o espelho era cruel e parecia me chamar para dentro dele ao teu encontro, como se me oferecesse os abraços que eu precisava. No entanto havia em mim um resto de anos que teimava por existir. Eu nem sabia se por carma ou por teimosia mesmo.
E foi então que eu comecei a ficar indignado. É verdade, indignado mesmo. Algumas vezes reagimos e vivemos por indignação. Visto que viver por viver é simplesmente morrer aos poucos.
Eu bem que podia ter morrido. Pensava que já tinha cumprido tudo na vida, mas eu não tinha experimentado viver por indignação.
Há pessoas que tecem a morte e para desgosto destas eu sobrevivo.
Agora vivo para agradar aos peixes e às plantas. Eu sobrevivo para agradar as rosas que morriam sem mim e até as sempre-vivas que pareciam desesperadas. Mas eu também sobrevivo para arrancar ervas daninhas, para ver as joaninhas passeando por meu jardim que não tem sapos, como no jardim de Yara que mora do outro lado do mapa.
Eu sei que cada canto do mundo tem a sua diversidade e no meu jardim há um universo encantado. Há nele duendes e um pote de ouro que o arco-íris esconde na poupança. Pobre coitado, tão avarento, jamais desconfiou que eu quero sentimentos, como amor, solidariedade, paixão, não miseráveis moedas empilhadas, umas em cima das outras. Isto é com Judas que vendeu seu amigo por um punhado delas. Eu quero apenas vida, no sentido mais visceral da palavra.
Por isto o espelho não me chama mais...
Mário Feijó
09.04.12
domingo, 8 de abril de 2012
A VIDA ESCREVE NOSSA HISTÓRIA
Não adianta planejar
A vida é para ser vivida
Ela escreve e a gente cumpre
Cada história em cada dia
Se num dia houver ódio no caminho
Certamente no outro haverá amor
Esgotemos todas as chances
E cumpramos o que está escrito...
Os meus dias já foram de sonhos
E a vida não quis cumpri-los.
Depois das cabeçadas eu aprendi
Que a água do rio faz seu leito
A vida é assim: uma lição!
Aprendemos com o que vivemos
Aprendemos com o que fazemos
Aprendemos com o que nos permitimos...
Mário Feijó
08.04.12
ENTRE QUATRO PAREDES
Ninguém dirá a cor do nosso amor
Se é em preto e branco
Quiçá seja colorido, multifacetado
Ninguém ouvirá os teus “uis”
Ninguém escutará os meus “ais”
Só o barulho do mar e nossa transpiração
E as dunas que nos servem de lençóis
Se até as ostras aprendera
A ficar quietas no lugar sem reclamar
Por que é que nós teremos
Que reclamar da vida?
Entre quatro paredes
Eu te quero e me derramo sobre tua pele
Queimada do sol de verão
Que agora se esconde atrás da porta...
Mário Feijó
08.04.12
sábado, 7 de abril de 2012
DOIS CAMINHOS UMA ESCOLHA
Fazer a caridade
Não nos torna ricos
Não nos torna santos
Não nos torna melhores
Se assim fosse
Madre Tereza de Calcutá
Doando-se ao próximo
Seria multimilionária...
O que nos torna ricos é ser político
Praticar delitos, roubar, ser traficante
Mas isto não nos torna santos
Nem tampouco seres melhores...
Cada um de nós faz escolhas
Sobre o caminho a seguir
E também escolher o que se quer:
Ter... ou Ser???
Mário Feijó
07.04.12
METÁFORAS
Eu preciso de metáforas
Para colocar em meus versos
Disseram-me que estão amargos
Coloquei neles muitas flores: girassóis e outras
Com a intenção de atrair abelhas
Mas elas fazem mel longe de mim
E as borboletas que por aqui passaram
Morreram todas ontem...
Há lagartas sim
Que eu quando criança
Matava-as com medo...
Por que é que ninguém diz às crianças
Que lagartas são futuras borboletas?
Acho que minhas metáforas
Foram todas mortas
Quando pisei nas lagartas de outrora
E agora nem meus girassóis querem girar mais
Há somente luzes
Que se acendem sozinhas
Talvez elas queiram me dizer algo
Ou simplesmente me mostrar as metáforas...
Mário Feijó
06.04.12
HOJE
Hoje é um dia jamais sonhado
Que apesar das dificuldades
Que apesar das saudades
Proporciona-me a consciência do ser que eu sou
Hoje eu sou resultado de meus atos
Do que eu penso, do que eu quis
E do que as pessoas próximas
Ajudaram nesta construção
Não há o que lamentar
Não há o que parar no tempo
Porque o ontem pode conter as saudades
Mas é no hoje que está a minha estrada...
Mário Feijó
05.04.12
O PLANETA TERRA É A ARCA DE NOÉ
As aves não roubam nossas sementes
Tampouco comem nossos frutos
Afinal de contas o planeta é nosso
E na natureza ninguém é dono de nada
Foi o homem quem convencionou
Que o dinheiro lhe proporcionaria a posse
Fez-lhe o dono de terras, rios e mares
Mas um desastre natural mostra que não há donos
Os animais no máximo o que fazem
É urinar para demarcar seu território
Aí vem o homem – dono da terra e manda mata-los –
Porque estão destruindo suas plantações
O planeta não tem dono e todos nós
Habitamos uma Arca de Noé
E se destruímos em nosso redor
Estamos destruindo a nossa sobrevivência na Arca...
Mário Feijó
03.04.12
APRENDE-SE
Aprende-se com a vida
A ser flexível sem quebrar
Que dores teremos sempre
E que elas nos estimulam
Não podemos fugir de nós
Tampouco ser autista por opção
Ver uma pedra no caminho
E tropeçar, sem contorná-la...
Há sinais de fumaça
Eu desperto, porém sigo
Cada um dos meus instintos
Cuidando de mim, não da vida dos outros...
Aprende-se amando
Respeitando a si e aos outros
O resto o mundo mostra
E diante dos vendavais envergamos
Só assim não quebraremos diante deles...
Mário Feijó
03.04.12
MENINO QUE VOA
Eu já não me importo
Com meus cabelos encanecidos
Que me fazem ficar
Com cara de avô
(pois é isto o que sou)...
Também não me importo
Com a minh’alma que continua
Correndo descalça na chuva
Nem tampouco com os meus braços
Que se abrem toda vez que venta
Porque eu continuo sonhando
Que tenho asas e vou voar...
Mário Feijó
03.04.12
terça-feira, 3 de abril de 2012
UMA MISTURA DE SAUDADES
Somos muito pequenos
Para entender a grandiosidade de Deus
Para entender a grandiosidade do universo
No tempo somos menos que uma borboleta
Que vive apenas 24 horas...
Alguns ainda pensam que são
Maiores que os outros
Quando não passamos
De poeira cósmica...
Agora eu sinto saudades
Numa mistura de dores n’alma
Numa mistura de nulidade
Numa certeza de pequenez finita...
Neste momento tudo o que eu queria
Era ser o nada para então me recolher
A tudo o que eu sempre fui...
Mário Feijó
31.03.12
O PRIMEIRO BEIJO
Eu agora sou aquele menino
Que enrubesce quando tu
Seguras na minha mão e dizes
Eu quero ser tua namorada
Então meio sem graça
Em frente à porteira do campo
Onde sua avó mora
Ele a segura e dá o primeiro beijo
Tu que já esperavas por isto há tempos
Dizes fingindo inocência
Ah! Mas em frente à porteira?
Todos irão nos ver...
Aí ele de calças curtas
Corre para casa, coração disparado
Enquanto ela toda frajola
Sai rodando o seu vestido rodado de chita, feliz...
Mário Feijó
02.04.12
GRITO SILENCIOSO
Eu só clamo por ti
Mas o que eu queria mesmo
Era gritar teu nome e que
Eu sinto a tua falta
Mas o universo é tão grande
E eu não sei onde te encontrar
Ainda por cima tenho medo que meu grito
Torne as estrelas cadentes...
Há dias em que meu grito é silencioso
Noutros eu só falo com as paredes
Mas ainda há aqueles em que
A saudade é tanta que eu tenho
Que chorar escondido...
Mário Feijó
02.04.12
AS MÁSCARAS CAÍRAM?
Algumas pessoas
Ao invés de serem honestas
Preferem ser falsas
Agindo na surdina
Outras mandam alguém
Para fazer o serviço sujo
E posam de boazinhas
Seria tão mais fácil
Olhar nos olhos da gente
E dizer tudo o que pensam
Então conseguiriam o que querem
Então preferem tentar
Destruir a imagem do outro
Mas elas não têm cacife
Porque são pessoas podres...
Mário Feijó
01.04.12
Assinar:
Postagens (Atom)