terça-feira, 5 de junho de 2012
LUA QUE SE ENCHE DE MIM
Eu queria ser a chuva
Para adentrar na terra
Ser volátil para no vento
Envolver-me em teu corpo
Ser a luz
Para não prender-me
Ser as ondas do mar
Para no teu corpo me agitar
Ser apenas um homem
Ser putrefato, ignóbil
Frágil, doente, demente
Indecente, carente e temente a Deus
Uma pequena criatura
Cujo prazo de validade já expirou
Que continua existindo
Porque a lua se enche de mim...
Mário Feijó
05.06.12
UM GRANDE AMOR
Neste momento
Eu queria ter
A liberdade do vento
A velocidade da luz
Eu queria poder ir e vir
Sem ter que dar explicações
Eu queria poder
Mudar de lugar a qualquer hora
Nada ter
Nada levar
Estar hoje aqui
Amanhã acolá
Eu queria agora
Ter a eterna energia da juventude
Que joguei fora sem um grande amor
Para poder me inebriar como faço agora...
Mário Feijó
05.06.12
quarta-feira, 2 de maio de 2012
EM SILÊNCIO...
Em silêncio a minh’alma contempla:
O canto dos pássaros
O barulho do mar
O riso solto de meninas na praça
Um quero-quero assustado
O farfalhar das folhas carregadas de flores
O vento que toca a minha pele que se arrepia
Um homem solitário à beira-mar
(será que dá adeus ou espera um amor?)
Neste momento a minh’alma voa
Rumo ao infinito agradecendo os meus sentidos
O cheiro delicioso da maresia
O sabor de sal em meus lábios
A brisa que me refresca
O sol que me aquece
A beleza da paisagem
Extasiada ela voa
Feito pássaro sem destino
Para logo depois
Pousar novamente dentro de mim...
Mário Feijó
25.04.12
ESTOU ME RENDENDO AO AMOR
Eu te quero assim
Linda! Despida pra vida
E cheia de amor
Feito os campos de macela
Rainha da noite
Fortaleza desmoronando em meus braços
Pedindo amor feito a rocha
Que pede as carícias do mar
Eu rio caudaloso a ti me entrego
Água em minhas entranhas
Correndo em meu leito desbravar
Sou teu inteiramente
Quando sobre mim cavalgas
Sou necessariamente todo teu...
Mário Feijó
01.05.12
terça-feira, 1 de maio de 2012
QUANDO O AMOR ACONTECE
Não há formas de dizer
Quando e como vamos amar
O amor acontece quando
A gente menos espera
Um amor não substitui outro
Cada um deles tem seu tempo
E seu espaço em nossa vida
Basta se permitir amar
Há pessoas que criticam tudo
Mas deveriam aprender a perdoar
Deveriam aprender a não odiar
Eu me permito amar...
Amo a vida que insiste comigo neste planeta
Amo minha família embora cada um cuide de si
Amo a natureza que me rodeia de todas as formas
E amo as pessoas que me amam mais intensamente...
Mário Feijó
30.04.12
domingo, 15 de abril de 2012
A NOITE É NOSSA
Por onde andas meu amor
Que tanta dor me deixas
Neste corpo já cansado?
O que me dói não é a dor
É o vazio de amor
Que a tua falta me deixa
E tu o que fazes por mim?
Como será que sofres uma ausência
E o que esta ausência gera em ti?
Saudades?
Bem sei que és presente
Mas um presente ausente
És a dor da dormência
Então venha e me beija
Só assim eu saberei
Que a noite é inteira nossa...
Mário Feijó
15.04.12
NA ERA DA INTERNET A GENTE NÃO SE COMUNICA
Ontem você me disse que telefonaria
Mas onde será que está
Porque não me telefonou?
É caro? É distante?
Não dá pra telefonar?
Pelo menos podia ter mandado
Uma mensagem pela internet
Ou quiçá mandar sinais de fumaça
Mas agora os tempos são outros
Tudo é muito rápido
E a comunicação por satélite...
Mas nós estamos ainda
Na era dos tambores e atabaques
Dependentes de benesses alheias
Tuas cartas ainda não chegaram
Os telefones não trazem mensagens
Em que parte deste universo você se esconde?...
Mário Feijó
15.04.12
PONTO FINAL
Pronto! Estou colocando pontos finais
Em algumas histórias vividas
Nada de ponto e vírgula e olha que
Eu já vivi muitas exclamações, mas agora
Vivo um tempo de muita interrogações...
Bastar-me-ia dizer-te: acabou!
Dando ênfase aos dois pontos
E também à exclamação
Porém você parece não entender
É que já ouve muitas reticências entre nós
Agora não é mais possível
Só um ponto final resolverá nossos destinos
Dará um caminho às nossas vidas...
Chega de gritos, de travessões que machucam
O coração como se fossem espinhos
Nada de pausas, paradas, capítulos
Entre nós agora só cabe um ponto final...
Mário Feijó
14.04.12
AMIGO CAIDO DA CARROÇA
Caiu o cachorro da carroça de mudança.
A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo abrigo, chapéu na mão...
- Não me apontem o dedo! Não era eu o cachorro, tampouco era eu a dona dele. Sua dona é a vida, mas ela com ele não se comprometeu...
O cachorro virou cão de rua. Tinha até certo estofo, um “pedigree”, mas de adianta um passaporte ou ter árvore genealógica na hora da mudança? Todos se perdem. Todos se assustam e com o cachorro não foi diferente.
Este cachorro tem medo do frio. Este cachorro tem medo da velhice. Ele sofre de abandono. Mas eu pergunto quem não tem?!!
Talvez não tenham medo as aves que voam rapineiras, à espreita, à caça porque elas pensam que não têm predadores...
Todos somos caça muito poucos são caçadores.
E o cachorro pensa: nada como uma cama quente, uma cachorra ardente e braços ao redor do corpo.
Com estes pensamentos o cachorro se aquieta e dorme...
Mário Feijó
14.04.12
Caiu o cachorro da carroça de mudança.
A estrada era esburacada e o cachorro caiu. Ficou ali perdido como quê pedindo abrigo, chapéu na mão...
- Não me apontem o dedo! Não era eu o cachorro, tampouco era eu a dona dele. Sua dona é a vida, mas ela com ele não se comprometeu...
O cachorro virou cão de rua. Tinha até certo estofo, um “pedigree”, mas de adianta um passaporte ou ter árvore genealógica na hora da mudança? Todos se perdem. Todos se assustam e com o cachorro não foi diferente.
Este cachorro tem medo do frio. Este cachorro tem medo da velhice. Ele sofre de abandono. Mas eu pergunto quem não tem?!!
Talvez não tenham medo as aves que voam rapineiras, à espreita, à caça porque elas pensam que não têm predadores...
Todos somos caça muito poucos são caçadores.
E o cachorro pensa: nada como uma cama quente, uma cachorra ardente e braços ao redor do corpo.
Com estes pensamentos o cachorro se aquieta e dorme...
Mário Feijó
14.04.12
quinta-feira, 12 de abril de 2012
FLORES DE MARACUJÁ
Não é só você quem quer
Algo de muito bom em sua vida
Como eu gostaria na minha
Um banho de gato não te bastaria
Deixaríamos que a chuva banhasse
Teu corpo selvagem nascido
Numa tribo asteca do deserto mexicano
Então se banhe no rio, eu te ensaboo
Apanharei flores de maracujá
E ensaboarei todo o teu corpo
No meio do deserto há oásis
E para nós também é um refúgio
Bem que eu gostaria de estar ao teu lado
Mas tudo nos distancia – o tempo, o vento e a hora –
Agora eu só espero tuas carícias
Quando nas quartas houver cinzas, as minhas e as tuas...
Mário Feijó
12.04.12
CACARECOS
Depois de alguns descasamentos
De alguns desencontros e de
Uns tantos desamores cheguei à conclusão
De que eu e minha vida não passamos de cacarecos
São cacarecos de sentimentos
Cacarecos de coisinhas pequenas:
Livros, discos, colheres, abridores
Mas o que eu queria mesmo eram fechadores
Fechadores de portas, de coração
Lacradores de dores e prensadores de amores
Plissadores de carinho para que não fossem escorregadios
Porque carinho bom é aquele que fica na pele
Eu estou cada vez mais certo
De que meus cacarecos um dia
Formarão uma montanha e subindo por ela
No céu eu poderei tocar... para isto eles servem...
Mário Feijó
12.04.12
AMOR DÓI
Poderia ser diferente
Mas por que só a dor
Tem que prevalecer?
Eu não entendo o amor
Ele sempre se faz acompanhar
Por momentos de dor
Para só depois se explicar
Enquanto isto chove
Dentro da minha cabeça
As lágrimas deste amor sentido
Sem sentido, desmesurado, desmentido...
O que eu faço sem teus toques
Enquanto tu cavalgas por estrelas
Muito além de mim, muito aquém do meu corpo
Que não se contenta só com o ontem
Porque eu te quero presente...
Mário Feijó
12.04.12
EMUDECE O AMOR
Emudece o amor
Cada vez que vê
Uma criança abandonada
Um velho passando fome
Emudece o amor
Toda vez que um rio seca
Toda vez que uma torrente
Destrói barrancas e rios se poluem
Emudece o amor
Que cala diante das injustiças
Diante do desamor, da falta de fé,
Da desunião da família, da agressão física
Seja de um homem, uma criança, um gay, uma mulher
Emudece o amor
Quando um político se vende
Empobrecendo sua alma
Matando aos poucos os que dele precisavam
Emudece o amor
Empalidece uma alma
Que diante da vilania
Faz o corpo morrer aos poucos...
Mário Feijó
11.04.12
segunda-feira, 9 de abril de 2012
No espelho da sala eu descubro a minha viuvez. Sim ela estava patente na pele alva que o sol daquele ano, ainda não havia tocado. Todo o meu corpo escondia-se nos prantos que eu derramava por ti e eu definhava na dor da tua não presença.
Mas o espelho era cruel e parecia me chamar para dentro dele ao teu encontro, como se me oferecesse os abraços que eu precisava. No entanto havia em mim um resto de anos que teimava por existir. Eu nem sabia se por carma ou por teimosia mesmo.
E foi então que eu comecei a ficar indignado. É verdade, indignado mesmo. Algumas vezes reagimos e vivemos por indignação. Visto que viver por viver é simplesmente morrer aos poucos.
Eu bem que podia ter morrido. Pensava que já tinha cumprido tudo na vida, mas eu não tinha experimentado viver por indignação.
Há pessoas que tecem a morte e para desgosto destas eu sobrevivo.
Agora vivo para agradar aos peixes e às plantas. Eu sobrevivo para agradar as rosas que morriam sem mim e até as sempre-vivas que pareciam desesperadas. Mas eu também sobrevivo para arrancar ervas daninhas, para ver as joaninhas passeando por meu jardim que não tem sapos, como no jardim de Yara que mora do outro lado do mapa.
Eu sei que cada canto do mundo tem a sua diversidade e no meu jardim há um universo encantado. Há nele duendes e um pote de ouro que o arco-íris esconde na poupança. Pobre coitado, tão avarento, jamais desconfiou que eu quero sentimentos, como amor, solidariedade, paixão, não miseráveis moedas empilhadas, umas em cima das outras. Isto é com Judas que vendeu seu amigo por um punhado delas. Eu quero apenas vida, no sentido mais visceral da palavra.
Por isto o espelho não me chama mais...
Mário Feijó
09.04.12
Mas o espelho era cruel e parecia me chamar para dentro dele ao teu encontro, como se me oferecesse os abraços que eu precisava. No entanto havia em mim um resto de anos que teimava por existir. Eu nem sabia se por carma ou por teimosia mesmo.
E foi então que eu comecei a ficar indignado. É verdade, indignado mesmo. Algumas vezes reagimos e vivemos por indignação. Visto que viver por viver é simplesmente morrer aos poucos.
Eu bem que podia ter morrido. Pensava que já tinha cumprido tudo na vida, mas eu não tinha experimentado viver por indignação.
Há pessoas que tecem a morte e para desgosto destas eu sobrevivo.
Agora vivo para agradar aos peixes e às plantas. Eu sobrevivo para agradar as rosas que morriam sem mim e até as sempre-vivas que pareciam desesperadas. Mas eu também sobrevivo para arrancar ervas daninhas, para ver as joaninhas passeando por meu jardim que não tem sapos, como no jardim de Yara que mora do outro lado do mapa.
Eu sei que cada canto do mundo tem a sua diversidade e no meu jardim há um universo encantado. Há nele duendes e um pote de ouro que o arco-íris esconde na poupança. Pobre coitado, tão avarento, jamais desconfiou que eu quero sentimentos, como amor, solidariedade, paixão, não miseráveis moedas empilhadas, umas em cima das outras. Isto é com Judas que vendeu seu amigo por um punhado delas. Eu quero apenas vida, no sentido mais visceral da palavra.
Por isto o espelho não me chama mais...
Mário Feijó
09.04.12
domingo, 8 de abril de 2012
A VIDA ESCREVE NOSSA HISTÓRIA
Não adianta planejar
A vida é para ser vivida
Ela escreve e a gente cumpre
Cada história em cada dia
Se num dia houver ódio no caminho
Certamente no outro haverá amor
Esgotemos todas as chances
E cumpramos o que está escrito...
Os meus dias já foram de sonhos
E a vida não quis cumpri-los.
Depois das cabeçadas eu aprendi
Que a água do rio faz seu leito
A vida é assim: uma lição!
Aprendemos com o que vivemos
Aprendemos com o que fazemos
Aprendemos com o que nos permitimos...
Mário Feijó
08.04.12
ENTRE QUATRO PAREDES
Ninguém dirá a cor do nosso amor
Se é em preto e branco
Quiçá seja colorido, multifacetado
Ninguém ouvirá os teus “uis”
Ninguém escutará os meus “ais”
Só o barulho do mar e nossa transpiração
E as dunas que nos servem de lençóis
Se até as ostras aprendera
A ficar quietas no lugar sem reclamar
Por que é que nós teremos
Que reclamar da vida?
Entre quatro paredes
Eu te quero e me derramo sobre tua pele
Queimada do sol de verão
Que agora se esconde atrás da porta...
Mário Feijó
08.04.12
sábado, 7 de abril de 2012
DOIS CAMINHOS UMA ESCOLHA
Fazer a caridade
Não nos torna ricos
Não nos torna santos
Não nos torna melhores
Se assim fosse
Madre Tereza de Calcutá
Doando-se ao próximo
Seria multimilionária...
O que nos torna ricos é ser político
Praticar delitos, roubar, ser traficante
Mas isto não nos torna santos
Nem tampouco seres melhores...
Cada um de nós faz escolhas
Sobre o caminho a seguir
E também escolher o que se quer:
Ter... ou Ser???
Mário Feijó
07.04.12
METÁFORAS
Eu preciso de metáforas
Para colocar em meus versos
Disseram-me que estão amargos
Coloquei neles muitas flores: girassóis e outras
Com a intenção de atrair abelhas
Mas elas fazem mel longe de mim
E as borboletas que por aqui passaram
Morreram todas ontem...
Há lagartas sim
Que eu quando criança
Matava-as com medo...
Por que é que ninguém diz às crianças
Que lagartas são futuras borboletas?
Acho que minhas metáforas
Foram todas mortas
Quando pisei nas lagartas de outrora
E agora nem meus girassóis querem girar mais
Há somente luzes
Que se acendem sozinhas
Talvez elas queiram me dizer algo
Ou simplesmente me mostrar as metáforas...
Mário Feijó
06.04.12
HOJE
Hoje é um dia jamais sonhado
Que apesar das dificuldades
Que apesar das saudades
Proporciona-me a consciência do ser que eu sou
Hoje eu sou resultado de meus atos
Do que eu penso, do que eu quis
E do que as pessoas próximas
Ajudaram nesta construção
Não há o que lamentar
Não há o que parar no tempo
Porque o ontem pode conter as saudades
Mas é no hoje que está a minha estrada...
Mário Feijó
05.04.12
O PLANETA TERRA É A ARCA DE NOÉ
As aves não roubam nossas sementes
Tampouco comem nossos frutos
Afinal de contas o planeta é nosso
E na natureza ninguém é dono de nada
Foi o homem quem convencionou
Que o dinheiro lhe proporcionaria a posse
Fez-lhe o dono de terras, rios e mares
Mas um desastre natural mostra que não há donos
Os animais no máximo o que fazem
É urinar para demarcar seu território
Aí vem o homem – dono da terra e manda mata-los –
Porque estão destruindo suas plantações
O planeta não tem dono e todos nós
Habitamos uma Arca de Noé
E se destruímos em nosso redor
Estamos destruindo a nossa sobrevivência na Arca...
Mário Feijó
03.04.12
APRENDE-SE
Aprende-se com a vida
A ser flexível sem quebrar
Que dores teremos sempre
E que elas nos estimulam
Não podemos fugir de nós
Tampouco ser autista por opção
Ver uma pedra no caminho
E tropeçar, sem contorná-la...
Há sinais de fumaça
Eu desperto, porém sigo
Cada um dos meus instintos
Cuidando de mim, não da vida dos outros...
Aprende-se amando
Respeitando a si e aos outros
O resto o mundo mostra
E diante dos vendavais envergamos
Só assim não quebraremos diante deles...
Mário Feijó
03.04.12
MENINO QUE VOA
Eu já não me importo
Com meus cabelos encanecidos
Que me fazem ficar
Com cara de avô
(pois é isto o que sou)...
Também não me importo
Com a minh’alma que continua
Correndo descalça na chuva
Nem tampouco com os meus braços
Que se abrem toda vez que venta
Porque eu continuo sonhando
Que tenho asas e vou voar...
Mário Feijó
03.04.12
terça-feira, 3 de abril de 2012
UMA MISTURA DE SAUDADES
Somos muito pequenos
Para entender a grandiosidade de Deus
Para entender a grandiosidade do universo
No tempo somos menos que uma borboleta
Que vive apenas 24 horas...
Alguns ainda pensam que são
Maiores que os outros
Quando não passamos
De poeira cósmica...
Agora eu sinto saudades
Numa mistura de dores n’alma
Numa mistura de nulidade
Numa certeza de pequenez finita...
Neste momento tudo o que eu queria
Era ser o nada para então me recolher
A tudo o que eu sempre fui...
Mário Feijó
31.03.12
O PRIMEIRO BEIJO
Eu agora sou aquele menino
Que enrubesce quando tu
Seguras na minha mão e dizes
Eu quero ser tua namorada
Então meio sem graça
Em frente à porteira do campo
Onde sua avó mora
Ele a segura e dá o primeiro beijo
Tu que já esperavas por isto há tempos
Dizes fingindo inocência
Ah! Mas em frente à porteira?
Todos irão nos ver...
Aí ele de calças curtas
Corre para casa, coração disparado
Enquanto ela toda frajola
Sai rodando o seu vestido rodado de chita, feliz...
Mário Feijó
02.04.12
GRITO SILENCIOSO
Eu só clamo por ti
Mas o que eu queria mesmo
Era gritar teu nome e que
Eu sinto a tua falta
Mas o universo é tão grande
E eu não sei onde te encontrar
Ainda por cima tenho medo que meu grito
Torne as estrelas cadentes...
Há dias em que meu grito é silencioso
Noutros eu só falo com as paredes
Mas ainda há aqueles em que
A saudade é tanta que eu tenho
Que chorar escondido...
Mário Feijó
02.04.12
AS MÁSCARAS CAÍRAM?
Algumas pessoas
Ao invés de serem honestas
Preferem ser falsas
Agindo na surdina
Outras mandam alguém
Para fazer o serviço sujo
E posam de boazinhas
Seria tão mais fácil
Olhar nos olhos da gente
E dizer tudo o que pensam
Então conseguiriam o que querem
Então preferem tentar
Destruir a imagem do outro
Mas elas não têm cacife
Porque são pessoas podres...
Mário Feijó
01.04.12
sexta-feira, 30 de março de 2012
MÁGICAS DO TEMPO
Há poucas horas nos meus dias
E os dias do meu tempo somem
Desaparecem todos feito o coelho
Que eu tirava todos os dias da cartola
E agora? Bem agora
Chamam-me de louco
Mas quem não é?
Eles que se dizem donos da verdade?
Certamente que não o serão!
Cadê meu coelho? Onde está minha cartola?
Nestes tempos de hoje
Todos querem fazer mágica
Certamente que por isto
Não me sobra mais tempo
Porque tenho somente tempo para contar
Todas as mágicas que faço para sobreviver...
Mário Feijó
29.03.12
quarta-feira, 28 de março de 2012
FLORES PARA VOCÊ
As minhas dores
Nem viraram flores
Que eu pudesse
A ti entregar
Elas viraram espinhos
Viraram cruzes
Que eu carrego
Com dificuldades...
As minhas dores
Hoje são sementes
Que plantei no solo
Esperando um dia brotar
São girassóis, rosas amarelas
Amores perfeitos, crisântemos,
Antúrios que eu planto
Todos para te dar...
Mário Feijó
28.03.12
terça-feira, 27 de março de 2012
TARADO
Ganhei um pequeno gatinho
Que desde pequeno
Assim que me via
Vinha malandramente
O seu rabo encostar em mim
Eu ainda não tinha um nome
Para dar aquele gato
E com certeza não cabia outro
Além de Tarado, sim ele era tarado em mim...
Se Tarado me visse miava
Sempre querendo comer
Ou pedindo um colo
Ele era assim, manhoso e guloso...
E Tarado cresceu
Enquanto eu envelhecia
E não combinava mais
Tarado enroscado em minhas pernas.
Tentei impedi-lo, enxotando-o
Até que Tarado entendeu aquilo
Como uma rejeição e sumiu para sempre...
Mário Feijó
27.03.12
PRECISO DE ABRAÇOS
Justo na hora em que
Eu mais preciso de abraços
Não posso recebê-los
Tenho que resguardar meus costais
Para só daqui a algum tempo
Receber novos abraços apertados...
Minha neta hoje me disse
- Vô eu queria te dar um abraço apertado,
Que pena que não posso!
Guarde teus abraços Larissa
Eu vou cobrá-los todos...
Houve um tempo
Em que eu queria
Que o tempo parasse
Agora eu quero a sua celeridade
Nem me importo mais
Que eu não seja eterno...
Mário Feijó
27.03.12
segunda-feira, 26 de março de 2012
ALMA TRANSGRESSORA
Eu penso que minh’alma
É assim meio transgressora
Quando não sente culpas
Quando não acredita em pecados
Ela é capaz de qualquer coisa
Quando o assunto é amor
Não sofre culpas
Apenas respeita os outros
E quando minh’alma ama
Vive um amor sem limites
Incondicional e se entrega
Minh’alma transgressora
É feito a duna no deserto
Que todo dia muda de lugar...
Mário Feijó
26.03.12
"VAIDADE NA GAIOLA
Outro dia eu prendi
Minha vaidade na gaiola
Me despi do verbo
E me vesti de versos e de substantivos
Joguei fora os advérbios
Amarrei alguns pronomes...
Depois... depois eu visitei meus anjos
Que haviam fugido de minha gaveta
E deixei meus demônios
Todos a pão e água...
E a vaidade lá... presa na gaiola
Toda se fingindo de inocente
Gemendo, quase morta,
Ficando seu destino a lamentar...
Não me penalizei
Ela não é bicho fácil de lidar
Portanto não é bom facilitar
Olho na gaiola e chave escondida...
Mário Feijó
26.03.12
domingo, 25 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
BANHO DE LUA
À noite
Todos os dias
Luzia ia
Na cachoeira se banhar
Até que um dia
Quando a bela Luzia
Na luz da noite
O corpo despia
Entrou n’água
Que estava fria
E sua pele fez arrepiar
Houve um coiote
Que via Luzia
Todas as noites
Sob o luar
Até que um dia
Ele se transformou
Atacou Luzia
Feriu seu corpo e a matou
Agora nas noites
De lua cheia
A cachoeira sangra
Pela morte de Luzia...
Mário Feijó
24.03.12
AS ROSAS CONTINUARÃO A FLORIR
Ainda bem que os passarinhos
Não pararam de cantar
Que as estrelas
Não pararam de brilhar
Que as ondas do mar
Continuam a me falar de ti
Outro dia eu fui à praia
Queria caminhar contigo
Abracei-me ao sol
E me deixei levar rumo à maresia
Ainda bem que o tempo não parou
Eu já estou cansado de sofrer
E todos dizem que o tempo
É um santo remédio e que
Cura todas as dores...
Ainda bem que haverá outros verões
Que eu espero sejam diferentes deste!
Que as rosas continuarão a florir
Porque eu quero me enganar
De que daqui a pouco tu voltarás...
Mário Feijó
23.03.12
SEM TI NÃO ME RESTOU NADA
Foi tão pouco
O que sobrou de mim,
Além dos teus restos mortais,
Das tuas cinzas
Que o mar embaralhou
Feito as cartas
Nas tardes de domingo;
De uma cachorra neurótica
Que virou minha sombra e
Que discute com os gatos da vizinhança;
Das lembranças dos nossos
Dias sempre tão agradáveis
Que se impregnaram na minha mente
Na minha pele e nos meus dias
Que eu não sei
A direção que escolho
E ainda ouço os teus a me dizerem
“está faltando joia aqui”
“eu quero esta casa para nos confraternizarmos”...
Vão comemorar a tua morte?
É tão pouco o que restou de mim
E de toda esta gente...
Mário Feijó
23.03.12
Foi tão pouco
O que sobrou de mim,
Além dos teus restos mortais,
Das tuas cinzas
Que o mar embaralhou
Feito as cartas
Nas tardes de domingo;
De uma cachorra neurótica
Que virou minha sombra e
Que discute com os gatos da vizinhança;
Das lembranças dos nossos
Dias sempre tão agradáveis
Que se impregnaram na minha mente
Na minha pele e nos meus dias
Que eu não sei
A direção que escolho
E ainda ouço os teus a me dizerem
“está faltando joia aqui”
“eu quero esta casa para nos confraternizarmos”...
Vão comemorar a tua morte?
É tão pouco o que restou de mim
E de toda esta gente...
Mário Feijó
23.03.12
DESEJO IMORAL
Há um desejo imoral
Uma alma imortal
Que sempre nos acompanha
E que vive para aprender
A carne é fraca
O corpo erra e nem sempre acerta
O que quer fazer
Mas aprendemos com os erros
E se a alma for imoral?
E o desejo é imortal
O que irei fazer?
Continuar errando?
Porém amar não é pecado
E eu posso escolher
Quem eu quero amar
Então que se danem os outros
São as minhas escolhas...
Mário Feijó
22.03.12
ALGUNS PECADOS MEUS
Nem todos os pecados do mundo
São pecados meus...
A abelha zangada ferra
A sucuri esfomeada abocanha
E o culpado sou eu?
Não!
Eu não sou o autor
De todos os pecados do mundo
Nem pequei com Madalena
Foi ela quem me seduziu
Outro dia eu vi
Dois perdidos numa noite de luar
A fazer amor nas dunas
E também me deu
Uma vontade louca de pecar
Mas nem todos os pecados do mundo
São pecados meus...
Eu não sou tão amoral
Sou apenas um mortal
Que quebra regras
E que responde pelos pecados
Mas só pelos meus...
Mário Feijó
22.03.12
terça-feira, 20 de março de 2012
SE EU PUDESSE VOLTAR NO TEMPO...
Eu pularia alguns dias da minha vida
Eu jamais moraria na praia
Eu nunca viajaria no natal
Eu jamais teria me casado
Eu te diria muitas vezes “eu te amo”
Eu amaria intensamente as pessoas pelas quais eu me apaixonei, sem pudores
Eu ter-me-ia permitido mais
Eu me culparia menos por tudo
Eu me amaria mais do que amei
Eu não me fixaria num único lugar
Eu cantaria muito mais
Eu não me sacrificaria por meus filhos
Eu amaria menos aos ingratos
Eu cuidaria um pouco mais de mim
Eu me preocuparia menos com os outros
Eu viveria mais próximo dos campos e rios
Eu viveria rodeado de animais (eles são mais sinceros)
Eu plantaria mais árvores, plantas e flores
Eu comeria mais vegetais
Eu caminharia ao menos meia hora por dia no sol da manhã
Eu faria mais exercícios
Eu beberia mais água
Eu dormiria menos que as minhas oito horas
Eu me perdoaria mais
Eu teria menos pudor com meu corpo
Eu teria economizado um pouco (e penso que seria rico)
No entanto eu me contentei em viver bem,
não guardar dinheiro, amar sem restrições,
ser feliz e sempre sofrer por amor...
Deu no que deu...
Mário Feijó
20.03.12
segunda-feira, 19 de março de 2012
MUITO MAIS QUE LÁGRIMAS
Muito mais que lágrimas
Eu verti por ti, por nós
Que deixamos de existir
E pela minha solidão
Você era a minha multidão
Em uma só pessoa
Preenchia todos os espaços
E quase me bastava, faltava pouco...
E tu sabias tudo de mim
Sabias que eu era feliz
E que por ti abri mão
De muitas propostas de vida
Nós tínhamos um sonho adolescente
De viajar mundo afora
De dar asas à imaginação
Porém você foi à frente...
Mário Feijó
19.03.12
MILAGRES ACONTECEM
Olhos rasos d’água
Alma seca
Ressecado chão
Um pássaro cai
Abatido por uma vassoura
De uma bruxa
Em seu voo rasante
A menina órfã chora
A morte do pássaro
Enquanto no ninho
Os filhotes clamam alimento
Uma lágrima cai
Do chão brota uma flor
E no bico dos filhos
Caem gotas de néctar...
Mário Feijó
19.03.12
domingo, 18 de março de 2012
EU NÃO APRENDI A VIVER SEM TI
Eu penso que neste momento
Bastar-me-ia o silêncio da tua presença
Mas o que me restou foi a solidão
E no silêncio da tua ausência algo não cala
Como eu posso não sofrer?
Todos dizem que só o tempo
Que o tempo é o melhor remédio
Mas não há remédio para esta dor
Havia em ti uma metade de mi
Que agora se foi arrancada
Eu tenho que aprender
A me reconstruir sem ti...
E o que eu faço
Com o silêncio na minha mente
Eu não aprendi a viver sem ti
Isto ao menos tu podias ter me ensinado...
Mário Feijó
18.03.12
sábado, 17 de março de 2012
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